Escrevo e componho canções desde muito pequena, refletindo sobre a vida, o que penso e as emoções que passam por mim.
De cinco, a quarta filha de Jussara M Queiroz e Vergílio A Lima. Cresci rodeada de muitas formas de arte. A sensibilidade materna e a profissão paterna me fizeram entrar em contato com todo um universo de formas de expressão artística diverso. Ao longo do tempo, minha facilidade com a música foi se firmando mais forte e visível, afunilando também meus interesses.
Meu pai é luthier, constrói e restaura instrumentos musicais de corda há mais de 40 anos. Cresci em meio às máquinas de sua oficina, pedaços de madeira, imaginação frutífera e muitas fontes sonoras. Era comum, na minha infância, receber amigos cliente de meu pai em casa, que se hospedavam por alguns dias, tornando o contato com instrumentos e a performance mais doméstico e íntimo. Muitos nomes relevantes da música popular passaram por esse ambiente familiar, tornando minhas referências um tanto diferenciadas comparando às crianças da minha idade.
Na adolescência testei algumas coisas como aula de bateria, teatro na escola, oficinas de artesanato, canto em coral, aulas de violoncelo e bandas de garagem. Experimentei um pouco de tudo o que deu, aumentando meu repertório interno.
No vestibular optei por jornalismo, não queria estudar música, algo já tão natural. Tinha fome de outros conhecimentos. Nesta época, experimentei tocar em barzinhos um repertório mais extenso de MPB. Durou pouco, eu queria era criar canções. Então, iniciamos eu e minha irmã Juliana Buli, o primeiro projeto musical totalmente autoral. Fofoca Erudita nascia com a leveza de ser jovem cheia de energia vital, sonhos, vontades e palavras por serem ditas. Pelas cantorias aqui e ali, fizemos um disco demo, que capturamos o áudio de um show no Teatro de Sabará, do Natura Musical, que vendeu bastante para amigos e fãs. Único registro do projeto.
Através do Fofoca Erudita, eu e a Juli fomos convidadas para compor a equipe de montagem de um espetáculo teatral. Fui convidada a compor algumas canções para trilha sonora do espetáculo Hypólita, da Cia de Yepocá, em parceria com o diretor e dramaturgo Bruno Godinho. O trabalho fluiu com tanta sinergia que fizemos mais outros 4 projetos juntos ao longo dos anos.
Logo ali, em 2011, me tornei mãe pela primeira vez com a Laura. O mundo virou. Tudo teve de ser readequado, casa, cidade, família, afazeres, trabalhos. E a música no palco se pausou. Respirei em outros horizontes. Mil e um aprendizados. Amadurecimentos. Tempinho depois veio o Caio, em 2014, meu segundo filho. Mais aprendizados, mais mudanças e outros projetos de vida.
Nesse interin nasceu a Ideia Cantada, onde eu oferecia músicas por demanda, compondo à medida que me pedissem, ao desejo do freguês. Entretanto, as demandas da vida íntima me fizeram pausar este projeto também.
Em 2018, depois de uma conversa despretensiosa de rede social, montamos, eu e Bruna Carvalho, o duo Braba. Com uma vontade imensa de dar vazão à nossas criações musicais, nossos anseios pela vida artística e por poder nos expressar através da música. Criamos diversas canções. Gravamos 4 com o produtor musical Rafael Fantini (Faew), que elevou o nível com seus beats tropicais e sensibilidade. E ainda vivi uma experiência muito legal gravando os clipes dos primeiros lançamentos. Estão disponíveis nos canais da Braba.
Em paralelo ao mundo musical, em 2019 participei da criação do programa Casa Viva, acompanhando desde o início a idealização pela Vênica Lima e toda execução com o resto da equipe. No comandando das redes sociais e canal de youtube, realizamos 4 temporadas do programa visitando (in loco e virtualmente) casas pelo Brasil e pelo mundo. Conversando sobre morar, sobre decoração e curiosidades de cada lugar diferente. Um trabalho que me desperta o prazer da comunicação e curiosidade, feito com carinho e muito capricho.
Durante a pandemia realizei um desejo que vinha maturando ao longo dos últimos anos, fiz uma formação em Constelação Sistêmica. O curso e todas as vivências dentro dele me fizeram aproximar da fenomenologia e de uma parte da vida que não pode ser (ou que ainda não tem capacidade humana para ser) explicada. Os fenômenos vividos no campo, as reflexões sobre o próprio campo morfogenético, toda a filosofia observada desenvolvida pelo pensador alemão Bert Hellinger. Tudo isso me fez encaixar peças fundamentais na minha vida, mudando consideravelmente meu "estar no mundo".
Em 2022 resolvi gravar algumas das muitas canções que tinham nascido recentemente. Muitas reflexões pairavam minha cabeça e tantas outras experiências emocionais me embalavam neste período. Com muito custo escolhi 4 canções e gravei com banda, num processo bem meticuloso, passo a passo, respirando e sentido o que eu queria expressar. Vinha à tona uma potencia musical adormecida e até desconhecida para mim. Estar em um estúdio todo equipado, com o produtor à minha disposição, em sinergia, na mesma direção, era muito novo e sinto que soube aproveitar bem a oportunidade. Sob o direcionamento do Felipe Fantoni, gravamos "Entre eu e tudo", EP com 4 canções super sensíveis e delicadas que foi finalizado em abril de 2023. Só que ainda não estava pronto para nascer.
Nesta época, em maio de 2023, fui assistir a uma apresentação de uma amiga no teatro da cidade. Estando lá, ouvi novamente aquela "vozinha do palco" me seduzindo para me apresentar. Na saída recebi uma provocação de uma amigo para lançar meu disco ali. A provocação era pro disco, mas fez nascer um dos projetos mais desafiadores e grandiosos que eu podia imaginar em realizar. Nascia ali a ideia, o embrião do Quintas Inéditas.
Em 2 meses idealizei, concebi, equipei e agendei (dentre outras mil funções invisíveis) a primeira edição do evento de música autoral e alternativa mais legal da cidade. O Quintas Inéditas nasceu na última quinta feira de julho, no Teatro Municipal de Sabará, com a apresentação de 3 artistas sabarenses, dentre elas eu mesma. Foi um sucesso, casa cheia, muitos amigos vibrando junto, gente querendo fazer parte do projeto. Até o fim de 2023, realizamos 6 edições, recebendo no palco 18 artistas independentes e criando na cidade uma nova cena musical. O início de uma história que quero continuar contando muitos anos a fio.
Mas, uma semana antes do Quintas estrear, em julho de 2023, num rompante de angústia criativa, selecionei algumas canções que ficavam lindas em voz e violão e marquei a data no estúdio. Nascia "Deixe o amor", com 4 canções, todos gravados no mesmo dia. Tive o privilégio de contar ainda com 2 participações super especiais. Da amiga Carla Coscarelli, nos vocais de "Deixe o amor entrar" e do amigo Zelu (José Luis Braga) na voz masculina de "Fim de nós dois". Um trabalho delicado, gestado com muito carinho. As gravações foram lançadas no segundo semestre de 2023, disponíveis na web.
Em 2024, lancei o EP "Entre eu e tu", precedido no single "Me ame". 4 canções gravdas no Leve Estúdio, em Belo Horizonte, com produção musical de Felipe Fantoni.
E logo já me planejo e preparo para as próximas gravações e registros. São inúmeras canções inéditas guardadas que estão me pedindo para sair da gaveta faz tempos, aguardando a oportunidade.